[Sem Vestígios]

Vagueza... vagueza de dizer...

O que há de mais pleno em nossas mentes,

e não damos conta de falar?

Deveríamos contar tudo, contar tudo sim,

como se não soubéssemos dos fatos,

como se estivéssemos inseguros do que dizemos

[... e estamos?],

como se estivéssemos a narrar um sonho,

no vero instante em que ele vai se dissipar,

escapar para sempre, do visor de nossos olhos.

Afastemo-nos um pouco,

o suficiente para que caibamos inteiros

no campo do olhar prestes a se extinguir,

como uma fotografia de corpo inteiro.

Último olhar, e depois, último relance

pela fresta da porta a se fechar...

Afastemo-nos, assim quer a vida.

E quanto nos afastarmos de vez,

que seja sem digitais... sem pegadas.

Já basta o renovo da dor de partir;

sem digitais, por tanto,

sem vestígios da passagem, do estar!

Pode ser? Quem sabe?

Que a bagagem nos seja leve,

eis o que podemos almejar.

[Penas do Desterro, 25 de agosto de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 25/08/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2457878
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