Aequalitate

Aequalitate

Igualdade

Sandra Ravanini

Vejo o horizonte pardo morrendo nas favelas,

bem sei que nada disso comove muita gente,

é só mais outra rotina na lida das sequelas

aflorando todo ego, abortando a flor em semente.

Ouvir do tiro seco o gemido e nenhum socorro,

e agradecer a todo céu estar longe do calvário,

comover-se distante da violência lá do morro,

pranteando a vítima de um estampido libertário.

Qual a cor com que verá esse gris lamento de horror?

Se os olhos descortinam somente o pôr sempre belo,

a ceguidade existe no desentender que isso é do amor

tentando em vão iludir a tela da dor que eu pincelo.

Nesse caso, como eu erro quando solto o meu pranto,

pois, sou só a sonhadora descrendo da iniqüidade;

no entanto, não alimentarei a fome de quaisquer santos

tão mais estéreis quanto esse grito em prol da igualdade.

13/09/2006