Cortiço
Minha vida é como um cortiço,
cheia de ruelas estreitas,
um labirinto,
roupas no varal,
pobreza, miséria e cheia de portas,
cada porta um mundo diferente.
Gente, muita gente,
que entra e sai, vai e vem,
sem nada deixar, a não ser mais podridão.
As paredes emboloradas, esverdeadas e ocas,
lembram bem minha alma.
As putas,
ah as putas,
com certeza a melhor parte do cortiço.
Nelas vazei muito dos meus furúnculos,
nelas verguei toda a miséria humana,
enchia a boca ao chamá-las de putas,
eu as odiava como seres humanos que eram,
mas amava o que representavam,
a melhor parte da vida dei as putas