Alma de poeta ...
E de repente a poesia flui
de minha boca e de meus dedos
desvendando milhões de segredos
do que eu sou e do que fui
como se tentasse adivinhar
tudo que ainda posso ser...
É passado, presente, futuro
na medida do homem menino...
E eu me vejo então pequenino
trêmulo de medo no escuro
sem coragem até de chorar:
Era um homem por nascer...
E das alturas de meu presente
eu percebo que a claridade
agora bem podia ser clareza
pra que me visse por inteiro
em um arroubo derradeiro
de ser meu dono e meu senhor...
O poeta é presa de sentimento,
do entusiasmo e do amor,
da mentira e da verdade,
de gáudio e de sofrimento
mas sempre canta a beleza...
E quase nunca escapa impune
do que canta em seus cantos;
não está ileso, não é imune
ao desconsolo do desencanto
pois tem sensibilidade maior...
Porem o passado tão inocente
quer fazer o homem do presente
de alma pura e coração impuro,
pelo tempo corroído, corrupto
mas não pode um mistério futuro
fazer com que se torne abrupto
ou endurecido ou embrutecido
apenas por que se torna velho!
Como um astro em periélio
sempre retorno àquele menino
a quem um dom lindo e divino
deu por alma juvenil e inquieta
a alma eterna de um doce poeta...