das musas e dos chatos

E como andava muito interessada no raciocínio lógico da astrologia

vivia esmiuçando

a vida de quem eu pudesse e tivesse acesso,

contando com a minha claro, uma balança ambulante,

até mudar a direção do meu interesse,

pois que me torno intolerável.

Mahatma gandhi, john lenon, nietzsche, vinícius de moraes, d. helena, raimundo, dudu,

claudia, tica e geraldo, outras balanças,

admiração e curiosidade enfim.

Saulo me empresta zaratustra e os homens à busca de sapiências,

e relendo o crepúsculo dos ídolos antes

porque na releitura não é necessário estar preso ao padrão início meio e fim,

depois porque dizem ter sido o último livro dele antes de enlouquecido.

E se ele só fez o caminho de volta, e mandou tudo às favas,

se subiu a montanha e foi encontrar os bichos,

certamente terá parecido loucura a sua simplicidade aos olhos de academicistas

eles costumam esbarrar ainda no limite das suas razões, de suas inteligências!

Sinto na obra uma profunda amargura com relação ao povo alemão, ele não era a musa, era o chato!

Só festa para os meus olhos e mente, curiosos.

Biografia do vinícius de morais, outra festa,

ter um chato na vida pois ele nos move, genial,

o chato do chato é quando ele pensa saber das coisas e de você, mais que você,

que não é a pessoa a saber das coisas mais que ele,

por quem ele nutre uma relação de extrema chatura e admiração, a sombra mesmo!

Escolha ser mais chato que ele, vai te odiar mas, te deixará em paz

Às vezes perder um chato na vida é perder alguém querido,

um chato se assemelha a uma musa - masculino ou feminino -

com a diferença, a musa te inspira o chato te empurra,

os dois costumam dar certo ou ser um verdadeiro fiasco portanto tanto faz,

no final das contas os dois são mesmo é muito chatos.

Reverencio os bons tradutores, preciso muito deles,

não me importo em me debruçar sobre um dicionário, qualquer língua,

porque mais chato que ir ao dicionário é ter que parar a leitura por desconhecer uma palavra,

uma expressão.

Já viajei pouco e estudar uma língua sem o povo junto sem chance,

só menos esquisito que as escolas ousarem te ensinar a ser,

não digo pelos outros, digo por mim mesma, pois,

tenho buscado a inteligência no corpo, e sei das possibilidades,

bastando a educação de desenvolver os sentidos,

o duro é ter que atrofiá-los em nome da convivência com o meio.

Optamos por desenvolver tecnologias ao invés de nos desenvolvermos,

se é por medo de uma possível mutação que pensemos melhor no assunto,

neste momento há cérebros limitadamente inteligentes

em laborátórios

trabalhando sem descanso na criação de implantes neurais.

Vivo neste tempo presente,

tempo em que os meus convivas contam histórias de ditaduras tratadas como militares,

por conveniência, cada um com a parte que lhes cabe na história!

Olhando nos olhos dos caçadores, civís e militares,

nos olhos dos caçados, civis e militares, chego a compreender

o que se passa nos corpos e mentes destes e dos seus descendentes, doentes!

Não tendo saído ainda de um sistema escravocrata de senhores e senzalas e pseudo-alforriados,

tão logo adentram em outro, também de caçadores e caçados,

não há tempo para pensar ou sentir direito

e o futuro mais próximo contado em alguns séculos num calendário,

gregoriano neste caso,

promete ainda continuar ligado a este passado, com as suas batalhas

entre pestes e guerras religiosas e territoriais!

Observando toda loucura na falta de direção e na direção continuada da história chata - achatada -

tão longe e tão perto, não é por acaso, concluo, tanto mal-humor travestido!

Como é possivel viver de outro jeito, com leveza, se não a vislumbrarmos!

Onde estarão os poetas pensadores, os pensadores poetas,

presos em seus medos do escuro

e à linha sutil que separa e une estas eras?

Agora é, continua, presente, como bolsões e os carregamos feito mulas,

e de tão pesadas nos paralisam,

nos proibem, até de pensar, por nós mesmos (?)

Volto aos sinais astrológicos, às tendências,

observo de perto alguns nascidos sob o signo de capricórnio,

tiro minhas próprias conclusões sobre a personalidade de Jesus, _ melhor escrever em maiúsculo -

de Nazareth, o Cristo, a vítima!

Às voltas com chatos e musas concluo,

a existência destes está intrinsicamente ligada a raízes mais profundas

do inconsciente

coletivo ou não...

Nossos deuses e os nossos demônios, nesta mesma dimensão ou noutra,

uma questão de alcance, tanto faz!

Até depararmos com o nosso chato e a nossa musa,

os mais próximos e palpáveis de todos eles,

portanto os que realmente nos têm às mãos, aos pés,

simples assim

vivemos,

entre ser o chato ou a musa de alguém!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 30/08/2010
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T2469336