NO LABIRINTO DOS TEUS OLHOS
Que me diziam teus olhos castanhos
Dentro daquela tarde de verão?
Duas ilhas intocadas, perdidas no
Infinito azul do Pacífico
São os teus olhos.
Náufrago de mim, atirei-me nas
Águas mornas do oceano
Na vã tentativa de salvar
A própria esperança.
Atônito, os pés na areia
Caminhei, desbravador dos
Encantamentos a envolver
Teus olhos.
Jardins suspensos adornavam
A entrada de uma antiga cidade.
Borboletas e pássaros, num amálgama
De cores e cantos
Tingiam de vida meu ser
Desenganado.
Por ruas e praças passei
Sem encontrar vivente que
Me explicasse o nome
Daquele lugar.
A noite descia.
Ao longe, no alpendre de uma
Pequena casa
Ardia o fogo de lamparinas seculares.
No portal, uma inscrição talhada em
Cedro vermelho mansamente dizia:
Entre aqui...
A casa era a porta de entrada
De um labirinto sem fim
Onde reinavam universos paralelos
Cada qual com infinitas possibilidades.
E toda a paz do mundo
Parecia derramada
Por aqueles caminhos.
O tempo não se submetia ao rigor
Dos relógios, tampouco às leis da física.
Antes sim, às leis do amor
Onde dias e noites se misturam
No sabor do encontro dos amantes.
E sem perceber, cada vez mais envolvido
Pela profusão de sentimentos e emoções
Que o vento em suas asas trazia
Adentrava as profundezas do labirinto.
Em cada parede nua
O reflexo do seu sorriso projetava
As muitas faces do amor.
Pelos corredores, o eco de suas palavras
Eram entoadas ao som
De liras angelicais.
E assim, buscando a ti
Cada vez mais me perdia
E me encontrava
No profundo labirinto dos teus olhos.
* * *
Goiânia, 31 de agosto de 2010.