[há indícios vestígios]

há indícios vestígios

sobre o olhar que repousa na distância

de uma sílaba em busca da voz

que em canto a erguerá

seu rastro indica a sua solidão

como um deus que cria as lágrimas

para ser ele o corpo de um rio

porque tudo nasce e morre

também este deus fenecerá

pois têm deuses e homens

o mesmo sortilégio a mesma sorte

é-se estrangeiro no rigoroso

cumprimento deste tempo

de voluntário compulsivo

em que a máscara

é o que de nós damos

ao espelho que fazemos pulular

no tegumento do olhar alheio

mas a sílaba

essa permanecerá incólume

sobra-lhe a espera de ser música

no acordar de um poema

Xavier Zarco
Enviado por Xavier Zarco em 23/09/2006
Código do texto: T247179