Via Expressa

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Nas grandes cidades,

Famílias inteiras debaixo dos viadutos...

População de rua.

Eis uma maneira de driblar o aluguel e de morar aparentemente de graça...

Certamente, pagam um preço!...

A mulher loura,

Do minúsculo barraco de madeira

Construído rente à rua,

Assistia, bem comportada,

Assentada em sua cadeira,

À porta do barraco,

Ao intenso tráfego de veículos

E à manhã do dia 29 de algum mês,

Em Belo Horizonte.

Cabelos curtos,

Saia e blusa em tons de azul,

Uma mulher loura, brasileira,

Provavelmente mineira,

Provavelmente eleitora,

Minha contemporânea

E colega de existência...

Parecia distrair-se com o desfile dos carros

De diferentes marcas,

Nas cores prata, cinza, preta...

De vez em quando,

Um verde-escuro

Ou vermelho...

Era um desfile só para ela,

Particular,

Na rua do seu barraco!...

Não tinha ar de desgosto

Por não possuir casa, nem apartamento.

Tinha um ar exemplar

De satisfação, de muito gosto de viver!...

Nas beiras das estradas,

Onde carretas e caminhões de cargas-pesadas passam devagar,

E motos passam ligeiras...

Postos de Combustíveis,

Restaurantes...

De vez em quando,

Uma cruz,

Sinalizando o ponto final de uma viagem,

O local de um acidente fatal.

E sempre, sempre, sempre... o capim!

Separado por cerca, inacessível à fome do gado,

Para proteção dos viajantes e do próprio gado,

O viçoso capim que nunca será comido pelos animais...

O mundo é mal dividido?

Ou talvez mal dirigido?

Muitas vezes é mal digerido...

Mas sempre muito assistido!!!...

Pelos olhos dos passantes e,

Sobretudo,

Por Deus!...

-------------------------------------------------------------------

BH, 29/11/2005

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 04/09/2010
Código do texto: T2478102