Exercício da saudade
É porque falta
ainda,
descer correndo a ladeira,
esfolar joelhos nos seixos,
esmagar a boca em beijos
e suar com a cesta de frutas na feira.
Falta ainda,
dançar ao redor da fogueira,
areiar os pés, calçar chinelo de couro abertos
dedos livres.
Braços
num abraço sem chão.
É porque falta,
Ainda,
ir rever o Vô,
suas mangueiras altas,
sua voz baixa
e sentar no alpendre com um cordel à mão.
Falta ainda,
comer mel com farinha
na ágata do prato raso,
ouvir a banda em retreta,
sentir o peito crescer
e o sal de uma lágrima (feliz) na língua.