Tempos de silêncio

Ele fechara os olhos delicadamente

Tentando esconder o pranto caído,

Baixara a cabeça num sinal de luto

Como quem perde um ente querido

Sua alma se tornara silêncio absoluto

Fez-se vento, fez-se voraz corrente

A varrer as ruas num sopro alucinado

Fez-se orvalho nas manhãs de outono

Perdeu-se no tempo por um momento

Tivera por um segundo um sutil alento

Estancando-lhe a ferida do abandono

Sentira-se como um pássaro acanhado

Por uma tempestade de pensamento

Batera a sua porta o som da insanidade,

Num longo suspiro e num breve grito

Expulsando de si seu maior tormento

Enfim encontrara a solidão da liberdade

E para todo o sempre seria seu veredicto...

Transpôs noites dias andando sem destino

Encontrou fontes, horizontes, belos mundos

A si mesmo amava e odiava simultaneamente

Pairava sobre os abismos mais profundos

De rua e rua eterno andarilho sorridente

Mas no fundo era apenas um triste menino?!...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 10/09/2010
Código do texto: T2490678
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