NUVENS SOLITÁRIAS.

Manoel Lúcio Medeiros.

No fundo da pálpebra do horizonte, observo um buraco negro...

Cavado pela tempestade, onde o tempo ocultou seu diário.

No céu celeste, no infinito, chamas de nuvens se agitam,

Nuvens pretas imergem, submergem, desafiam os ares,

Entre raios dourados de um sol ausente na cena oftálmica.

Nuvens que se misturam, parecem incêndios enquizilados,

Onde somente as cinzas contam as lembranças febris,

São ondas de nuvens impetuosas, sinuosas, cravadas nos ares,

Onde imagens ocultas se clonam na fantasia de meus olhos.

Há rios de nuvens na linguagem muda, sem expansão de águas.

Há oceanos de nuvens estiadas, sem mares azuis, esvaindo-se,

Há montes de nuvens espumando, sem verdes de plantas,

Há serras de nuvens agendadas, serrotes sem serragens,

Há cordilheiras de nuvens em crises, sem cordas pra escalar,

Não há ninguém, pois o ermo se pôs na cama do espaço!

Somente eu estava lá, nos caminhos coloridos, incorpóreos,

Passeando e esculpindo em espírito, nas asas do vento incolor,

Nas sendas de meus olhos, o real e o irreal, se confundiam,

No quadro material que o tempo nostálgico pintou sem pinceis,

No funeral das nuvens irreais, nuvens solitárias, no norte vazio!

Ondas de nuvens, abismos infinitos, num ar de vida oculta,

Não há estrelas, não há luas, não há sóis, nem cometas,

Somente a criatividade corre na ponta da pena, na cena,

Só há luz, raios, nuvens, sombras, imaginações, panoramas,

Na comunidade estratosférica, da tela do meu computador!

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Malume
Enviado por Malume em 26/09/2006
Código do texto: T249481