LIMA BARRETO

A dose rompe o frio

Veste-se de veludo

Refrigera os sentidos

Embriaga a realidade

A dose presa na garganta

O nó

Os sentidos encruzilhados

O frio embriagado

Veste-se de moral veluda

Desnuda-se da noite

Unhas negras

O frio rompe a carne

Nua

Desato os nós

Os eus

Mas afogo-me nos eles

Visto-me de cetim

Danço

Nu

Ando bêbado

Tropeço

Equilibrado nas letras

Penas

Nos ais

Celas

No beco fétido

Vômito

Ressaca

Mar

A dose transborda

O nó ata-nos a nós

O frio rasga a madrugada

Deita

Dorme

E bebe...