Eu-te-amo

No fundo do coração, isso me faz muito mal.

Esse auto julgamento sem apelação, investigando atitudes,

reações ou qualquer coisa que me denote alguma culpa.

Eu-te-amo...essas três palavras, enganchadas umas às outras,

foram ditas, escritas e murmuradas tantas vezes, que começavam ao primeiro olhar e terminavam as noites.

Hoje, se as leio, as vejo suplicantes, ameaçadoras, irônicas, amargas,

nascidas de um prazer suspeito, talvez apenas carnal.

Cochichadas no frio do telefone, ou na maiorias das vezes dançando desgastadas no CAPS LOCK gritante, hoje tremem de medo diante das lágrimas que as molham.

Enquanto um "eu te amo" cravejado de sinceridade, esse que não conheço, enfeita com fitas vermelhas aquele sonho que nunca realizo.

Mesmo quando vasculho, incansável, o velho baú que arrasto, à procura de um só Eu-te-amo, que tenha sido sincero e preciso.

Tudo isso é muito amargo, então, enquanto não houver cura,

por favor, não me pergunte da doçura...

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 14/09/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2498160
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