Tela de Primavera
Se hoje fosse pintar uma formosa tela,
usaria todas as cores da primavera...
Sem saber o que poderia combinar
e os fantásticos efeitos das aquarelas,
procuraria as belas cores dos modestos sonhos,
pintaria a paz, a emoção e a alegria!
Pra pintar a paz usaria cores brandas
a expressar a clara luz nascente do sol
batendo fulgurante em cada nação!
E nessa tela não se veria mais a guerra,
flores pincelar-se-iam redundantes,
extasiantes, sem pressa de desabrochar!
Nesse quadro pitoresco pintaria fé e lucidez...
A santidade estaria na proposta de união,
ninguém mataria em nome de seus profetas
sob o pretexto das crenças e cegas visões...
Traçaria todas as pessoas, abraçadas,
a caminhar na estrada que leva aos irmãos...
Pra pintar a emoção usaria cores quentes,
aquelas que cintilam a intensidade do amor
e ali ele se mostraria bem eterno como deve ser,
bem mais pela ternura que pelo químico apelo...
Flores emergiriam no enlace de cada momento,
a reproduzir o laço sagrado aos corações!
Para a alegria muito pouco faltaria:
cores livres com contornos de amizade,
risadas simples, infantis, repletas de verdade...
Apagar-se-iam a inveja, a vaidade e o desamor
e flores surgiriam pra expulsar toda a tristeza,
expressando matizes de raros sentimentos!
Se hoje fosse pintar uma formosa tela,
precisaria me vestir do espírito da primavera,
começaria por mim a paz, a emoção e a alegria
e frondosa visão a minha frente haveria de se mostrar!
E eu, humilde e leigo pintor desse mundo tão ideal,
começaria a tornar do sonho a vida sempre nessa estação!