Ode a nada

Não há nada que nada seja.

Nem sequer o nada que se deseja

Quando à mesa nada pedimos

E sem que se nos peça

Também nada servimos.

E nada há em mais ninguém

Estranho alguém ou gente nossa

Que a alguém nenhum

Por mais que o queira

Lhe chegue um dia

Em que amar não possa.

Há amor em tudo.

E há amor no nada.

Não fosse o amor

Verso único

Em todo universo

Que embora só

Só a dois se vive

Ou a mais que dois

E mais ninguém.

É que depois do amor

Depois do amor

Depois de tudo

Não resta nada.

O não amor

Disse-o ninguém

Ou nada é

Ou apenas dor.

A dor que o mundo tem

Quando não ama

Nem tudo

Nem nada.

Jacinto Estrela
Enviado por Jacinto Estrela em 15/09/2010
Reeditado em 18/08/2017
Código do texto: T2499194
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