Ansiedade

Há, nesta terra, a raiz,

o caule, a dourada espiga

e a fome, numa cantiga,

desencontrando um país.

Há saudades do Passado,

há saudades do Futuro

no meu país que procuro

em cada arado parado.

Há mais joio do que pão.

No abandono da paisagem,

apenas, à sua imagem,

o peso da solidão.

E os silêncios e os adis

já nem guardam na lembrança

as searas de esperança

na promessa de um país!

Há, apenas, os presságios

de temores e procelas

arrastando as caravelas

para quantos mais naufrágios?

Ah, que nesta dor extrema,

de ansiedade permanente,

seja salvo, novamente,

o meu país, num poema!

José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 10 de Setembro de 2010.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 15/09/2010
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