Apenas poesia...

Nenhuma palavra... Todas são ditas... Todas as bocas... Todas as marias.
Passear pela noite...Ouvir o canto do pássaro em meus ouvidos... Perceber a alma minha...
Um dia, cada qual sentirá a sua... Em posse recolhida... Sentir os passos próprios, sem estar à revelia.
Simplesmente, POESIA...
Percorrer os laços que tiro... Retirar as flores dos cabelos... Enfeitar as páginas em branco... Deixar cair as pérolas... Um colar em tapete de contas...
O mundo se veste dos próprios discursos... Pegamos a lingua... Pagamos com a língua... E, hipócritamente, falamos HUMANOS.
Serpenteio as linhas... Percorrê-las com os dedos... Ou contorno a boca.
Cada alma, sua palma... Diz-se a tal contento...
Brindo aos discursos do enredo... Todas as tramas e arrumadas palavras com um único intento. Alguns precisam de alimento.
O ser humano e o seu nascimento... Falecimento...
Nesse interim, lamentos...
E as páginas em branco ficam pintadas dos mosaicos em pedras quebradas... Mármores e glórias... Ou inversa ordem.
A vida acalentada pelas pétalas que debulho agora... Apenas poesia, em pesada pena.
Que se abram ou se fechem as lamparinas do rosto ao "cubile" em berço, para moldarmos o que sobram das fôrmas.


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