CINZA

Num momento louco, noutro rouco

por sozinho, gritar por amor

em ruas silenciosas

de uma cidade sem cor.

O céu nublado, o sorriso apagado,

o cinza que contrasta com o calor,

é só um prédio, é só uma parede,

um dia de silêncio ignorado pelo motor.

O caminho é de asfalto,

e o salto para o passado é amanhã.

A tarde vento, a noite invento

um lugar para deixar o torpor

de cômodos vazios que ecoam

por tempo demais o que penso ser dor.

O sonho que ela quer, no café a colher

para alterar enquanto quente o sabor

de um dia escuro anunciado pela luz

clara que provoca nos olhos certo ardor.

O caminho está alagado,

memórias que se perdem pela manhã.

(Da série cores.)

chuvasong@hotmail.com