AQUELE DIA

Passando a noite em claro ou simplesmente dormindo. Com a mente desperta para qualquer que seja a palavra que surja por entre as estrelas, vamos vivendo. Vamos dormindo.

Vamos acordando no meio de mais um dia que nos empurra para mais perto do nosso último dia. Quem sabe qual será e, afinal, o que importa?

Pode ser hoje. Poderia muito bem ter sido ontem. Poderá chegar mais cedo do que possamos imaginar. Ou esperar. Será que podemos nos atrever a esperar este dia único?

Será como outro qualquer (eu imagino). Vamos acordar e vamos, inconscientemente respirar e ter as mesmas indisposições típicas dos primeiros minutos da manhã.

Este será meu último dia. Meu último dia com este rosto. Meu último dia com estes sonhos. Meu último dia com este desejo. Depois disso...

Meu último dia com essa vontade de ter a minha vida toda pela frente mais uma vez. Sei que é tarde e sempre foi. Será que sempre imaginei que este dia nunca chegaria? Com certeza!

Ele está tão longe como qualquer dia pode estar. Está tão longe de mim. Tenho o direito de pensar assim? Posso me atrever a ter que considerar que não vou sair vivo daqui?

Sei que não sou apenas este corpo. Sei que não estou sozinho. Por isso não me prendo e deixo a corrente me levar cada vez mais para perto desse dia que será meu último.