da morte de um guerreiro

Guerreiro foi acertadamente o nome dado àquele touro, negro, enorme, aos olhos da criança, ora segurando nas grades da varanda da casa grande, ora estrategicamente pendurada na cerca do curral.

Um deleite!

Aquele touro não era como os outros, ela soube ao olhá-lo nos olhos, ele era inteligente, tinha noção da sua condição no mundo, a criança viu, sentiu, e não havia ressentimento nem maldade, só queria viver, em paz.

Como todo alpha, em paz não tem outra conotação, porém, respeito ao seu território é vital!

Aquela parte da fazenda é um vale, fantástico, a casa dá para os currais, que dá para as grandes pastagens, as hortas, os galinheiros, rio, represa, olaria, e outras infinidades de itens, próprios de uma pequena não tão pequena propriedade auto-suficiente, e aquele garrote fazia parte disto, a criança é que não entendia, nem o animal que foi caçado por todos os homens e cães do lugar, e creia, não eram poucos!

Ruana, a mula boca-dura, da mãe, que tinha que subir numa mesa e cadeira para montá-la, Baião, o puro sangue, dos outros não me lembro dos nomes, mas, voltaram bem machucados.

O curioso nesta história é que os cachorros, blac e piraju, bons caçadores e bons amigos da menina, apanharam do líder, o pai, porque resolveram proteger Guerreiro ao invés de caçá-lo.

Aquela menina era eu, que sofri, mas fiz questão de assistir ao sacrifício da criatura, perto da casa, sem nem chegar ao matadouro oficial.

Não matou ninguém mas derrubou todas as cercas de arame farpado que encontrou pela frente e demorou entre urros de dor e pavor das facadas e machadadas, horas, para enfim cair, sem vida, amarrado, naquele coqueiro!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 18/09/2010
Reeditado em 22/11/2010
Código do texto: T2505034