Imoral

É nessa alma de criança que dorme a mulher

Aquela que alcança os sonhos com as mãos

E na sombra do talvez faz sua colheita

Cultua afetos entre dores e contemplações

É nesse corpo felino que vive a indecência

No medo intrínseco do ontem, do amanhã

E nas veias correm os desejos, as taras

Moldando a face conforme o outro

É nessa espera que mora a tristeza

Na curvilínea dança de seus cabelos

Nessa angústia seus dedos voam imensidão

E seus olhos cantam seus amores

É nessa morte que se encerra a santidade

Na sacra entrega sem demora, sem reserva

Nessa fêmea que desfruta e exala o pecado

A imoralidade fez casa e a paixão sujeitou-se...