UMA MUDANÇA NO RELÓGIO
UMA MUDANÇA NO RELÓGIO
De que me adianta repetir pedido
A felicidade eu já te pedi desde a infância
E não sei se por demérito ou insignificância
Mas amontoado em uma ode a ignorância venho vivendo
E trazendo para cada intervalo
Para cada mudança de calendário
Os meus pedidos
Os meus erros
Os meus pecados
Os quadros amarelados na parede que retratam cada um de meus passos
Fazem-se vivos diante da insólita e derradeira cortina de fumaça do meu cigarro
Com certeza acabou-se cada uma das sementes
Findou-se o plantio
Findou-se o ano
O horizonte que vejo é o mesmo que ficou atrás da semeadura
Não colherei nada além daquilo que plantei
Não terei em minha mão nada diferente do que ofereci
Não ganharei nada que destoe com aquilo que destruí
E meu sorriso terá a mesma dimensão das lágrimas que fiz brotar
Isso se antes da meia noite acordar
Isso se no ano novo chegar
Sérgio Ildefonso 29.12.2006
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