Ausente

Não dou conta de mim

E tão pouco do tempo

Que a tudo desgasta indiferente

Reflito sobre a solidão inútil

Que acolhe o ser humano

Minhas mãos tocam os gestos ausentes

E antevejo nitidamente os seres

No desfile de imagens complacentes

Vontades indeferidas de exaustão e caos

Sorrisos mudos entrelaçados de omissões

Apelos e desatinos vestidos ou fantasiados

De dor, mentiras, crueldade e estupor

Meu sentir recolhe-se amorfo

As palavras amofinam nas entranhas

Tanto melhor que os sons ignorem os ouvidos

Enquanto isso se consome a vida

Na consumação da morte