VESTIR-SE DE POESIA
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Vestido assim,
da cabeça aos pés,
acontece pouco.
Ás vezes sou mouco
às vozes da poesia,
às vezes não a vejo
e nem sempre a sinto
então, eu minto.
Já vesti as luvas da poesia
e ela brotava das mãos
Já coloquei o chapéu dos versos
eles queimavam meu juízo
Já calcei os sapatos das rimas
nasceram poemas andarilhos
Me visto de poesia
mas é roupa curta
de chita estampada de rimas pobres;
vestido de baile
é raro ingresso das noites de festa,
quase sempre estou nu,
espiando as palavras pela fresta.
Amélia de Morais