VESTIR-SE DE POESIA

.

Vestido assim,

da cabeça aos pés,

acontece pouco.

Ás vezes sou mouco

às vozes da poesia,

às vezes não a vejo

e nem sempre a sinto

então, eu minto.

Já vesti as luvas da poesia

e ela brotava das mãos

Já coloquei o chapéu dos versos

eles queimavam meu juízo

Já calcei os sapatos das rimas

nasceram poemas andarilhos

Me visto de poesia

mas é roupa curta

de chita estampada de rimas pobres;

vestido de baile

é raro ingresso das noites de festa,

quase sempre estou nu,

espiando as palavras pela fresta.

Amélia de Morais

Amélia de Morais
Enviado por Amélia de Morais em 27/09/2010
Reeditado em 16/09/2012
Código do texto: T2522643
Classificação de conteúdo: seguro