Flor Densa 3

(Mahyná Cendon)

Afinal sou densa flor metálica

O palhaço do medo

Que perde o pescoço

Mas não perde a piada

Pela fé ou pela revolta

Entre a cruz e a espada

Entre a ira e a cruzada

A rima atormentada

Para a boca volta

Eu olho com os olhos atentos

Uma bruxa grita

Palavras de ordem

Vocês não vão me matar!

Vocês não vão me queimar!

Canta e diz a verdade

Quando o faz

Chorando ilusão

E nada mais

A flor densa metálica pesada

Tudo o que é detalhe

Se converte a cuspir na sua cara

E a tudo o que falta entre prédios

E Drummond com a caneta encara

Massas de manobra, tomates e palavras

Facas, olhos e imagens falsas

A flor densa de lítio e cobre e álcool

E ouro, prata e petróleo

Caminha pelas ruas com as veias abertas

Óleo espesso pelos buracos de meus poros

Sem caçar o tesouro das palavras certas