sangria
Não vou cantar o que tu cantas soberbamente
prefiro escrever as minhas próprias canções
e sentir a poesia na ponta dos meus dedos
Ainda posso tirar este ar pesado dos pulmões
Que nesta vida de gente grande é isto
ruminar alfafa com gosto de batatas, assadas
e andar a passos-de-tartaruga até o por do sol
Tens um coração que é uma rocha
arenosa, desmancha ao soprar do vento
Nem precisas de espaço para pouso
te espalhas, quisera eu poder tocá-lo
não posso, ainda não sou a brisa
Só poderei ser água que regue, que cura
E o meu coração não é um feldspato
E tampouco sou assim, tão dura, creia-me
Eu não estou sentada à direita de deus
nem à esquerda dele, sou tua filha caída
Filho de deus é deus, e a ele os privilégios
A mão continuada no braço estendido
O poder de condenar e absolver a alma tocada
Deuses não tratam com impuros mortais, ai de mim
Têem o sol sob domínio e prometido o paraíso
Volto a minha vista para onde aponta o poeta
Visito templos, e tomo esta aguardente amarga
ela cheira absinto, ouço vozes e não há ninguém
Só estes passos em meu encalço e eu pensava
que o céu estivesse aqui
neste entroncamento!