sangria

Não vou cantar o que tu cantas soberbamente

prefiro escrever as minhas próprias canções

e sentir a poesia na ponta dos meus dedos

Ainda posso tirar este ar pesado dos pulmões

Que nesta vida de gente grande é isto

ruminar alfafa com gosto de batatas, assadas

e andar a passos-de-tartaruga até o por do sol

Tens um coração que é uma rocha

arenosa, desmancha ao soprar do vento

Nem precisas de espaço para pouso

te espalhas, quisera eu poder tocá-lo

não posso, ainda não sou a brisa

Só poderei ser água que regue, que cura

E o meu coração não é um feldspato

E tampouco sou assim, tão dura, creia-me

Eu não estou sentada à direita de deus

nem à esquerda dele, sou tua filha caída

Filho de deus é deus, e a ele os privilégios

A mão continuada no braço estendido

O poder de condenar e absolver a alma tocada

Deuses não tratam com impuros mortais, ai de mim

Têem o sol sob domínio e prometido o paraíso

Volto a minha vista para onde aponta o poeta

Visito templos, e tomo esta aguardente amarga

ela cheira absinto, ouço vozes e não há ninguém

Só estes passos em meu encalço e eu pensava

que o céu estivesse aqui

neste entroncamento!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 27/09/2010
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T2524200