Tear do Silêncio

Os sonhos ainda acordam em teus olhos

E é meu nome que te envolve a memória

Em teus lábios o tear do silêncio

Enovelando os fios de cada palavra

Aquelas que bordariam tua confissão

É mesmo no descuido dos olhares da razão

Que a saudade espalmada abre-te os braços

Tecendo os matizes do sentimento emudecido

Não fosse o suspiro dos teus silêncios

E a linguagem das tuas mãos eu não saberia

Do transgredir da emoção do açoite do delírio

Do acalanto da lembrança da minha voz

Embalando-te da insônia dos teus dias

Mas é preciso que te esqueças do sol

E que continues a conjugar-me

No ardor de todos os teus devaneios

Silabando-me no mergulho profundo do sono

E me deixas ficar no descanso da noite

Entre o pensamento e o teu peito

E no despertar das pálpebras do amanhecer

Quando os olhos reconstroem os senões

As hesitações e todas as incertezas

Melhor fingir que sentes em teu rosto

A brisa de uma quase vida

Que pulsa inútil em teu peito vazio

Sabes, no entanto que teus olhos

Prosseguirão a me buscar

Na secreta solidão dos teus dias

Talvez nenhuma manhã possa viver nosso sonho...

Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 17/06/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T25250