Insanidade

Sigo a pulsação eterna do instante.

Não participo do jogo

das mandíbulas da mesmice.

Se me enfio num abraço ardente

me lanço num breve esquecimento do por vir.

Se me perco na noite, só, mordente,

emaranho-me ao sereno de agora que é o aqui.

Protesto sobre a madrugada

uma migalha de verso

que Deus deixou cair da Sua mesa,

e faço dessa tristeza o rastro

de uma alegria escancarada.

Roendo as unhas me deito

sobre a essência de não sei o que, que,

no entanto, raspa os restos

de sossego que o rastro

da tristeza deixou.

Quanto à pulsação eterna do instante

que não passa nunca,

limito-me apenas ao ser e ao estar,

nada mais.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 01/10/2010
Código do texto: T2531648
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.