Insanidade
Sigo a pulsação eterna do instante.
Não participo do jogo
das mandíbulas da mesmice.
Se me enfio num abraço ardente
me lanço num breve esquecimento do por vir.
Se me perco na noite, só, mordente,
emaranho-me ao sereno de agora que é o aqui.
Protesto sobre a madrugada
uma migalha de verso
que Deus deixou cair da Sua mesa,
e faço dessa tristeza o rastro
de uma alegria escancarada.
Roendo as unhas me deito
sobre a essência de não sei o que, que,
no entanto, raspa os restos
de sossego que o rastro
da tristeza deixou.
Quanto à pulsação eterna do instante
que não passa nunca,
limito-me apenas ao ser e ao estar,
nada mais.