Em Nysa

Cálida, trêmula, ilusória

Tão móvel e inquieta

Nessa nudez desvairada e aborrecida

Chego, pertenço, sou

Intoxicada, embriagada, possuída

entre carícias e perfumes

E nesse almude derramo a vinha

No cântaro de meu profundo

Amalgando as ansiedades

Nessa pele delicada e morna

Em rosto deslumbrante e virgem

não escravizado ainda pelos sentimentos

Morrendo no silêncio prolongado de suas mãos

E, amedrontada e suave, me deito

Cruel e perdida entre os sentidos

Seduzindo e tentando, busco...

... o rosto estranho, o esquecimento

o desconhecido, a fantasia, o terrível, o confuso gesto

Sem deserção, no desafio jovial, minha boca clama

e grita, surda e impassível, o desejo ardente...

e destruindo a vida comum, me deixo

sendo a Deusa louca, perigosa e crua.

E em meu leito: Baco, Dionísio, centauro

violentamente tomada, sorvida, amante!