A VER NAVIOS
Ouvido atento; amanhece.
Nenhum pio, sequer gorjeio,
Anormal, não lhe parece?
Outra vez ele não veio.
Ao menos pra dar bom dia,
Fosse qual deles que fosse,
Mas nenhum, e não chovia,
Pra cantar um canto doce.
Urbanizaram demais,
A orla ta que é só prédio,
Debandaram os animais,
A herança é esse tédio.
Só alarmes e buzinas,
E às vezes assovios,
São os cantos das matinas;
Ficamos “a ver navios”.