amar

De tanto conviver com os outros bichos desaprendi a conviver com humanos.

Até tenho dado alguns passos em suas direções mas

inférteis as tentativas de contato.

Todos cheios de muitas histórias de prazeres, deveres e sofrimentos! Não que eu não as tenha mas os outros bichos são tão simples

tão descomplicados, chego a sentir vergonha quando me olham.

E eu sempre os olho nos olhos.

Até dos insetos, não por serem insetos mas pelos seus tamanhos

Encontro algum cão levando seu homem para passear troco olhares com ele, ao homem olho de soslaio, não é medo, é só um jeito de entender o outro através do um.

Às vezes é estranho, às vezes engraçado, às vezes triste

mas eu sempre faço assim!

Talvez eu já esteja livre e não saiba ainda como lidar

ser livre sozinha é complicado!

Hoje, sei lá se já virou ontem, tomo consciência dos atos que precedem os fatos.

Tudo começa quando perdi de vez o medo, todo medo.

Não deveria ter perdido o medo, deveria ter perdido a esperança

causa de toda paralisia!

Para que preciso não ter medo

para poder me drogar até abraçar a overdose

para me entupir até deformar o corpo, o espírito

ou só pelo prazer em me despencar nalgum precipício?

Antes continuasse salvando minh'alma ao invés de entregá-la aos demônios da minha razão!

Talvez não tenha mais jeito.

Talvez eu tenha saído da rota, perdido o rumo.

Talvez eu cisme e mude meu nome, meu endereço.

Talvez não faça nada disto e deixe as coisas irem, fluirem

E continue amando assim os bichos, todos eles

claro, incluindo a mim!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 11/10/2010
Reeditado em 26/06/2011
Código do texto: T2549724