SÚPLICA NOTURNA

Toma-me, ó noite vazia!

Enche-te de meus ais.

Bebe esse vômito insípido,

De palavras quebradas,

Esse caldo de lágrimas

Que não quero mais.

Devolva-me a utopia

Que o chão abocanhou,

Antes que o dia abrume

A centelha remanente,

Do encanto que quebrou.

Acende estrelas no absurdo:

Expõe minhas pegadas,

Minhas marcas de impulsos...

Meu pulso corre na alma,

E sangra em cálice impuro.

Cale, em mim, teus sussurros!

Despreze as lembranças do dia,

Que calham em meu peito

E meus sonhos adormecem,

A revelia.

Ivone Alves Sol