DESPRETENSÃO

Na página em branco
procuro os cantos para escrever.
De andar no meio, tenho receio,
tenho receio de me perder.
Me assusto à toa com coisas tolas...
Sou distraída. Ando na vida
fitando os montes que, no horizonte,
se perdem, longe, em tons azuis.
Olho pro alto. Não para o asfalto.
Por isso, às vezes, eu piso em falso
e me atrapalho com os próprios pés.
Porém não ligo, logo me aprumo.
Vou no meu rumo seguindo em frente
cerrando os dentes, com força e garra,
trilhando a estrada que, ainda, resta.
Se é o fim da festa? Eu ignoro.
Mas não deploro. Já tive tudo.
Para que mais?