ALUMBRAMENTO

E nada mais importa...

A luz é tanta que cega,

tudo cessa, a vida recorta

a paz, o coração dispara,

a voz tropeça na garganta.

Um instante infinito

segrega a alma,

maravilha atroz.

Quanta esperança, quanta!

Mistério de sonho e luar,

clarão de amor

vislumbrado em renda de vitral.

Quanta alegria, quanta!

Mágica fantasia!

Faz a solidão raiar em ousadia.

Alucinação que seduz,

fogo-fátuo que a razão denega,

num momento um e outro

esquecem do mundo

no torpor da entrega,

à porta do enamoramento.

E tudo os conforta...

Lina Meirelles

Rio, 16.10.10