Sentimentos virginais

Não quero mais abrigo

Mas um meio-fio para sentar

Quando a vontade de se esquivar

Tiver a luminescência da noite.

E nesse instante de fuga

Pairar sobre os aventais da cama

Ou no tapete da minha retidão

Estentida, não mais serena.

O único bom-senso que ainda quero

É saber administrar muitos daqueles

Que também me administram entre muitas.

E deixar chover não só a lama

Mas de baixo pra cima na piscina

Porque com isso me ponho ao contrário

Inicialmente.

E o que eu quero eu não quero mais

Porque não sou eu que respondo

São minhas independências

Pseudonaturais e humanas.

Quero ser ainda mundana,

Mesmo que eu não ame a humanidade.

De amar eu já estou farta

Quero sentir tudo de ponta-cabeça

Leve e despreocupada.

Maria Clara Dunck
Enviado por Maria Clara Dunck em 05/10/2006
Código do texto: T257066
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