Múltiplo Desencanto

Não era você nem amor nem hora

Nem sei se era eu nem sei se adeus

Muito menos se agora.

O tempo do meu tempo

É um não lento veneno

Dos meus anos.

E não posso tudo que na poça

Do medo dos outros mora;

Meu medo é poça seca.

Nem o desespero me conforma

Luz nenhuma ofuscante despenteia

O desalinho da vidraça

O meu tempo é um veio de um rio

Que é fim é tudo e nada

E tranca e cava e afoga.

Do Livro Hora Tenaz

Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 22/10/2010
Código do texto: T2572362
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