AMORENA

Quem sou eu para lidar

com a complexidade do mundo?

Totalizante inescrupuloso, eu sou poeta do mundo.

Tão irrisória me parece qualquer diferença,

qualquer imperfeição me é mentira!

Passo o rolo compressor.

Quem sou para lidar

com a inflexibilidade da sorte?

Do azar constante, da rima que não aparece...

Há no ar, cantante,

como ladainha, como prece:

mais poesias, mais incerteza, menos vestes...

Quem sou eu para lidar

com o mundo que me deste?

Tu és meu deus-dos-cristãos, Figura...

Qualquer coisas que falo de mim,

logo então se doura, como tu

– como o que há ao muro, detrás, Nu.

Quem sou eu a reclamar tua ausência?

pouca realidade me traz teu ser divino,

quão lindo o poema Passarinho – do jeito menino

Ponho minha cabeça, colchão de nuvens...

me aqueça teu sorriso, depois a tez;

Minha pele amorena a esperar a próxima vez.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 24/10/2010
Reeditado em 24/10/2010
Código do texto: T2575072