Menos ainda, amor.

Não quero morada no teu coração.

Quero correr pelo teu sangue, entorpecer a tua mente, queimar a tua face, dilatar tuas pupilas.

Ser teu vício, teu destino mal dito e mal feito, sem escolhas e mil defeitos.

Viver em teus sonhos como pesadelos para que me tenha medo.

Não quero morada no teu coração.

Quero, descalça, pisar no teu chão sem flores e refazer as migalhas do que te resta. Arrancar-te o fôlego, a roupa e o resto.

Não quero morada no teu coração.

Quero teus suspiros de saudade.

Minha falta entre as tuas.

E no sereno desconcerto do que sentes, o susto e a surpresa:

- Não é nada.

Só uma aventura, uma sorte, um doce entre os dentes.

Não é nada, menos ainda, amor.

Paixão, com pouquíssimo pudor.