NÃO AMO A POESIA

Não amo a poesia mesma

quanto as coisas a que me refiro.

Meio de expressão,

é minha fuga momentânea...

Não consigo viver a poesia,

a vida é uma prosa sorrateira,

quando não uma segunda-feira eterna!

Não amo a poesia mesma

quanto as coisas a que me refiro.

Escrevo a loirice de mi Nina,

qualquer cor fraca de seus lábios,

a força doce de seus sonhos...

os tristonhos caminhos que percorro

A ela peço ajuda: poesia, socorro!

Não amo a poesia mesma

quanto as coisas a que me refiro.

Contra o tiro na garganta

disparado a cada soluço forte,

tinjo eu esse mar em mágoas,

pintado de calmas as águas

até que meu barquinho aporte...

Não amo a poesia mesma

quanto as coisas a que me refiro.

Ou digo não amá-la – puro charme.

pois, constante, reflito sua carne

sobre a pele de estrofes e versos...

Repito poemas sobre poesia:

mania circular de universo.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 25/10/2010
Código do texto: T2578446