ATRIZ

De tantos disfarces me visto.

De gestos e gritos, vozes, vestidos.

Fujo de relógios e me envolvo

em cortinas de silêncio.

Lanço dados sem números.

Erro o passo e me aprumo.

Apóio-me em frágeis amores,

falsas bengalas.

Dou-me, renego e volto ao ninho.

Desterro-me,

por amor me degredo.

Provoco minha própria história.

Artesã dos meus dias,

invento falas, mas

aceito desenhos e diálogos.

Desmonto possibilidades.

Faço e me desfaço.

Choro de rir,

mergulho em lágrimas.

Lavo-me. Limpa,

volto aos dias claros.

Renasço das águas,

pobre Afrodite

no tablado da vida,

Fecho as cortinas,

até o novo dia.

Saramar
Enviado por Saramar em 06/10/2006
Código do texto: T258119