de perto

Couto de Magalhães. antes, tratada por Rio Manso.

A cidade é uma ilha cercada por montanhas, historicamente um lugar escolhido por tropeiros para merecido descanso entre Diamantina e Araçuai, a rota imperial das minas de ouro e diamantes.

À beira do rio, manso, que de tão manso cagaram nele todo!

Azar o da população que agora tem uma grande fossa bem no meio da cidadela.

Eu bem que avisei, uns quinze anos antes, vi onde tanta merda ia dar, eu e mais três a seis adolescentes.

Ninguém que pudesse fazer algo mais do que fizemos nos ouviu, e ainda nos acusaram de ser maconheiros, quando eu nem conhecia a erva coitada, que assume toda a loucura do ser que a traga!

Os que vivem trancafiados entre aqueles paredões não têm como fugir à regra, entre quatro mil habitantes, sete religiões, oito contando com a minha que é nenhuma, imagine, é mesmo um hospício - hospital para tratamento de doenças mentais .

Fique lá por muito tempo, e enlouquecerá, de um jeito ou de outro!

Precisava conhecer Emílio, o menino que gostava de tabacos e andar pelado.

Não era um tarado parecia assexuado até, era livre ali, se sentia em casa, e a cidade o proibiu de andar nu.

Lá ia ele com suas varinhas, cigarros num saquinho e os pés enormes, descalços, uma visão surreal!

Eu gostava muito dele, deveria ter gostado mais, digo, ter feito algo, mas também era a louca, não me ouviriam, sim aos padres, bispos, pastores, políticos e doutores, como na região são tratados os médicos e advogados, eu era a menina doida do Paulo Rabelo.

Sei é que Emílio de tanto gostar de ser livre e não fazer mal a ninguém acabou num pequeno quarto, trancafiado, até morrer por excesso de indiferença, falta de carinho e sol!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 29/10/2010
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T2585507