O dilúvio - ainda há uma esperança
Chamem todos, gritem, há uma esperança!
“Um dia todos nós viveremos a arte”.
Lembram que uma vez eu disse?
Venham, Álvares, Castro, Carlos, Clarice,
Avistei uma luz e um pedaço de terra.
Dessa vez a água está realmente baixando.
Venham ver, parem um momento seus ofícios.
Vamos, Manuel, Monteiro, Olavo, Vinicius,
Teatro, música, poesia, tem arte de todos os tipos,
Vamos até lá, o mais rápido possível,
Tudo junto em uma coisa só, como um refogado de panela.
Mudem a rota, levante os mastros, estiquem a vela.
Não vejo a hora de comer meu bife mal passado.
Assim que chegarmos,
Brindaremos com uma dose de conhaque,
Faremos uma fogueira,
E recitaremos os mais belos poemas,
Dormiremos ouvindo o ferver do sol se apagando no mar,
E enquanto dormimos os sonhos se tornarão realidade.
Só acordaremos às treze horas, minutos e segundos,
E beberemos um café com dois torrões de açúcar.
Enfim poderemos fazer com que a rota de nossas vidas mude,
Para bem longe dessa névoa que induz a um fim trágico.
E enfim, tudo se transformará em um Teatro Mágico.