redemoinho

as minhas mãos andam abertas

os meus olhos estão fechados

minhas narinas cheiram aterros

e os meus ouvidos, eles serão surdos

sou o animal mais feroz da floresta

domino monstros invisíveis

sou o mais cruel da temporada de caça

não há bala nem religião que me extermine

cavo buracos no chão

faço pontes aéreas

removo o mar e montanhas

inda tenho um céu, que me espera

tenho o sorriso mais amarelo que um chinês

andando descalço, pelo tibet

marco almoço com demônios

mas os meus jantares são servidos por reis

não amaldiçôo a sorte nem o azar

que cada um cave seu pão

que qualquer um salve seu cão

não cumpro regras, não faço as leis

não sou a dona da bola

não sou a senhora da hora

não amo mas não odeio

não rezo, tampouco creio

num dia destes, qualquer um dia

ainda queimo todos os dicionários

faço macumba e fogueira

e não falo mais a língua dos anjos

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 02/11/2010
Código do texto: T2592003