redemoinho
as minhas mãos andam abertas
os meus olhos estão fechados
minhas narinas cheiram aterros
e os meus ouvidos, eles serão surdos
sou o animal mais feroz da floresta
domino monstros invisíveis
sou o mais cruel da temporada de caça
não há bala nem religião que me extermine
cavo buracos no chão
faço pontes aéreas
removo o mar e montanhas
inda tenho um céu, que me espera
tenho o sorriso mais amarelo que um chinês
andando descalço, pelo tibet
marco almoço com demônios
mas os meus jantares são servidos por reis
não amaldiçôo a sorte nem o azar
que cada um cave seu pão
que qualquer um salve seu cão
não cumpro regras, não faço as leis
não sou a dona da bola
não sou a senhora da hora
não amo mas não odeio
não rezo, tampouco creio
num dia destes, qualquer um dia
ainda queimo todos os dicionários
faço macumba e fogueira
e não falo mais a língua dos anjos