O marinheiro no caixão
“Tão verdadeiro e sem sentido nenhum”
(Fernando Pessoa)
É tarde demais para cantar reminiscências e contemplar os sonhos
Resta-me debruçar sobre a vida morta que trago comigo
Ah, pobre de mim que fui tão feliz outrora...
... Agora, vago nas sombras a embevecer ausências
Enquanto o horizonte se faz negro
A vida me espreita e já não sei em que pensar
Devo aquietar minhas ansiedades que já não são tão verdadeiras?
Daí, percebo uma réstia que se move insistindo em brilhar minhas mãos
O saber é demasiado impreciso para quem o esqueceu
No tempo que aqui fiquei a narrar-lhe meu sonho
A madrugada ganhou cor e se empalideceu
Mas o dia nunca raia para quem contempla o absurdo das horas
Que me importa o dia?
*A Fernando Pessoa