Soslaio

O meu amor é soslaio d’alma,
No recreio da temperança
A zelar, na cerrada palma,
A mais recôndita perseverança.

O meu amar, é predicado e sujeito
E meu refúgio, mais precavido.
É esvaecer, sem causa, sem efeito,
Ao te alcançar, meu toque atrevido.

O meu amor é amar sem excesso,
Na imensidão, deste peito acanhado,
Confidenciar num cicio, sem recesso,
O bem-querer todo a ti declinado.

E se ora, aqui cabe teu mundo,
Eis meu âmago, feito sob medida,
Na arquitetura do afeto.

Por essência, um bojo sem fundo,
Eis meu amar, beco sem saída,
Do meu amor predileto.