sensatez
Não cantarei amores imortais
Muito menos chorarei paixões torrenciais
Direi do meu afinco em não odiar, não tenho tempo
E não preciso gritar mas gritarei se fizer necessário
Tampouco andarei armada em corredores
Fingir doçura então, nem pensar
Não atirarei pedras em paredes e telhados de vidro
Nem aceitarei atirarem outras em meu umbigo
Sei que faço parte d'uma pequena leva em extinção
E esta consciência não me transformará, predadora
Já o sou, e sei do sofrimento que me consome, viva
O mundo se incumbiu de me tirar à força do ninho
Não descendo de reis psicopatas
Mas tenho em mim guardados, sinais dos seus cutelos
E das suas traiçoeiras e decadentes alianças
Tenho um poder de visão como muito poucos
E não me ocuparei em despretenciosidades vãs
Só não mais o desperdiçarei olhando os precipícios
Aos condenados suas frias celas nas masmorras
subterrâneas
Não me maltratarei com dores se não forem minhas
E o mundo não precisa da minha piedade, não mais
E eu nunca mais precisarei da piedade do mundo
O que preciso mesmo é voltar à montanha
e da montanha ao mar