sensatez

Não cantarei amores imortais

Muito menos chorarei paixões torrenciais

Direi do meu afinco em não odiar, não tenho tempo

E não preciso gritar mas gritarei se fizer necessário

Tampouco andarei armada em corredores

Fingir doçura então, nem pensar

Não atirarei pedras em paredes e telhados de vidro

Nem aceitarei atirarem outras em meu umbigo

Sei que faço parte d'uma pequena leva em extinção

E esta consciência não me transformará, predadora

Já o sou, e sei do sofrimento que me consome, viva

O mundo se incumbiu de me tirar à força do ninho

Não descendo de reis psicopatas

Mas tenho em mim guardados, sinais dos seus cutelos

E das suas traiçoeiras e decadentes alianças

Tenho um poder de visão como muito poucos

E não me ocuparei em despretenciosidades vãs

Só não mais o desperdiçarei olhando os precipícios

Aos condenados suas frias celas nas masmorras

subterrâneas

Não me maltratarei com dores se não forem minhas

E o mundo não precisa da minha piedade, não mais

E eu nunca mais precisarei da piedade do mundo

O que preciso mesmo é voltar à montanha

e da montanha ao mar

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 04/11/2010
Reeditado em 04/12/2010
Código do texto: T2595902