DESTINO

Um sobreiro secular

Fora um dia, árvore pequenina

Assim como também fui um menino

Deslizando meus sonhos

Em barquinhos de papel

Inda criança

Tecendo fio da vida,

Embalei a esperança

Construí para minha lida

Uma leve embarcação

Meu destino:

Um sobreiro

Um fio, um rio

Um lamento:

Gemido gelado...

O’, sobreiro de meus sonhos partidos

Dos remos quebrados,

Nos braços das águas perdido...

Não percebeste o mover-se veloz, a correnteza

Junto à fúria do vento, gelados gemidos,

Descompassadas batidas do meu peito?

A moira já desperta e se levanta

Prepara-nos o sustento matinal

Já aquecida a lareira se encontra

Não lhe falta a coragem da espera

Mas não se ouve o pisar nas folhas secas

A aldeia dorme...

Nem um mísero sinal de meu retorno

Cá estou mergulhado no mais profundo sono

Onde as águas revoltas dissolveram

Um por um dos meus sonhos...

Graça Campos, 27/09/2010.

CAMPOS, Graça. Poema. DESTINO.