vômito

não sei mesmo de onde brotam tantas palavras

se é no peito ou na cabeça

vai ver que é nos pés

às vezes até peço que não apareçam

não assim, quando nem cabem dentro de mim

se fosse de reza eu rezava, fazia promessa

sei é que elas vem, sei lá de onde mas vem

e algumas me trazem idéias sem-pé-nem-cabeça

e elas insistem em não me deixarem em paz

o esquisito nisto é que preciso transcrevê-las

ao menos vomitá-las

pois com elas, tantas, nem adormeço

nem amanheço

como tenho vida comum elas são comuns

acabo por escrevê-las todas, comuns

tão comuns que a mim cansa muito lê-las

mas insisto na esperança de um dia

um dia, quem sabe, através delas me veja, e livre

e se eu me vir nelas assim é certo

não foi em vão insistir

no texto...

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 05/11/2010
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T2597717