Respostas

Quando bater lá fora, um dia, o medo
Escancara-lhe os portões, manda adentrar
Olho, no olho, se vier lágrimas, deixa-as brotar
Lareira acesa, de fundo musical, samba-enredo

Põe à mesa, melhor vinho, melhor sonho
Chama a saudade, convida a desolação
Prende grito a descrença, confirma de ante-mão
Que não falte a desesperança, indispensável, suponho

E uma vez reunidos, aproveita tal vicissitude
Serve-os cianureto, depois um a um os fatia
E toma a felicidade por mais fiel companhia
E exorciza todo mal que alude

A fé é, da esperança, de infância amiga
E só se dá por perdida a batalha
Quando no peito, nada mais valha
Nem recomponha a ferida que abriga

Não há tempestade, que iludida
Não finde por espalhar mais semente
Tampouco há mal insolente
Para diminuir o vigor, que sopra, Deus, numa vida

Se arredia, revê o adestramento
Aperta o laço, corrige o rumo
Iça velas, senta e refaz o resumo
Sé é capaz um ponto, de findar um momento
Troca por vírgula, que tem mais prumo
Faz conspirar o firmamento
Pois é do existir, a luta, o supra-sumo.

Levantar-se, pressupõe ter caído
Valor se dá a felicidade, depois de ter-se sofrido
E ganhar é, sempre efeito da aposta

Correr risco, bendito seja, é sinal de estar vivo
Pois, há que quando, tudo mais, parecer, confuso, exaustivo
Emergir, triunfante a resposta.