Minha Triste Chaga

Ó triste vil chaga insana

Que minh'alma poética profana

Indaga qual a graça de tua cura.

Incurável a chaga que minha lápide pedra segura,

É o triste vil brasão de minha sorte

Que rasgou meu peito nos campos do norte

Com a adaga afiada dos amores...

Mas se és minha triste chaga fatal

Por quê ainda convivo com as dores do mal

Que causei àquelas pobres almas sacanas?

A quem, ó vil chaga, tu enganas?

Sei que por ti chegarei ao inferno

Pois que o faças numa noite de inverno

Enquanto ainda dormem os inocentes beija-flores...

Ó triste vil chaga infame,

Que suga de meu peito todo sangue,

Acabe logo com este sofrimento desalmado.

Sabes que trago em meu peito guardado

Todos os males duma vida imatura

Que aguardam seu findar numa morte insegura.

Eu morro mas tu morres também,

Ó triste vil chaga de minhas dores...

Antonio Antunes
Enviado por Antonio Antunes em 09/10/2006
Código do texto: T260194